quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

A filosofia moderna, dentro de todas as suas diferenças, esteve montada sobre quatro conceitos que a meu modo de ver são quatro falsas substantivações


Prólogo do livro - Naturaleza, Historia, Dios - Zubiri, Xavier

"A filosofia moderna, dentro de todas as suas diferenças, esteve montada sobre quatro conceitos que a meu modo de ver são quatro falsas substantivações: o espaço, o tempo, a consciência, o ser. Pensou-se que as coisas estão no tempo e no espaço, que são todas apreendidas em atos de consciência, e que sua entidade é um momento do ser. Agora bem, a meu modo de ver isto é inadmissível. O espaço, o tempo, a consciência, o ser, não são quatro receptáculos das coisas, mas tão somente caracteres das coisas que são já reais. [...] As coisas reais não estão no espaço nem no tempo como pensava Kant (seguindo a Newton), mas são espaçosas e temporais, algo muito distinto de estar no tempo e no espaço. A intelecção não é um ato de consciência como pensa Husserl. A fenomenologia é a grande substantivação da consciência que corre na filosofia moderna desde Descartes. Entretanto, não há consciência; há tão somente atos conscientes. Esta
substantivação se havia introduzido já em grande parte da psicologia do final do século XIX. [...] A psicanálise conceituou o homem e sua atividade referindo-se sempre à consciência. Assim nos fala “da” consciência, “do” inconsciente, etc. O homem será em última instância uma estratificação de zonas qualificadas com respeito à consciência. Esta substantivação é inadmissível. Não existe “a” atividade da consciência, não existe “a” consciência, nem “o” inconsciente, nem “a” subconsciência; há somente atos conscientes, inconscientes e subconscientes. Mas não são atos da consciência nem do inconsciente nem da subconsciência.
Heidegger deu um passo mais. Ainda que em forma própria (que nunca chegou a conceituar nem a definir), levou a cabo a substantivação do ser. Para ele, as coisas são coisas em e pelo ser; as coisas são por isto entes. Realidade não seria senão um tipo de ser. É a velha idéia do ser real, esse reale. Mas o ser real não existe. Só existe o real sendo, realitas in essendo, diria eu. O ser é tão só um momento da realidade.

Frente a estas quatro gigantescas substantivações, do espaço, do tempo, da consciência e do ser, tentei uma idéia do real anterior àquelas. Foi o tema de meu livro Sobre la esencia (Madrid, 1962): a filosofia não é filosofia nem da objetividade nem do ente, não é fenomenologia nem ontologia, mas é filosofia do real enquanto real, é metafísica. Por sua vez, a intelecção não é consciência, mas é mera atualização do real na inteligência senciente. "


Prólogo do livro - Naturaleza, Historia, Dios.

Zubiri, Xavier (1898-1983)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O deliberado emburrecimento da América


Baixe o livro(em inglês) : The Deliberate Dumbing Down of America

"O apresentador (agente de transformação) nos ensinou como 'manipular' os contribuintes/país a aceitarem os programas controversos. Ele explicou como identificar os 'resistentes' na comunidade e como contornar a resistência oferecida por eles. Ele nos instruiu a ir aos membros mais respeitados da comunidade: Rotary, Junior League, Little League, YMCA, Historical Society, etc e a manipulá-los para que apoiassem os programas controversos/não acadêmicos e fazer calar os resistentes... Sai desse treinamento - com meu valioso livro-texto, The Change Agent's Guide to Innovations in Education debaixo do braço - sentindo-me enojada e rejeitando totalmente aquilo com que eu tinha me envolvido. Este não era o país em que eu tinha crescido; algo muito perturbador aconteceu entre 1953, quando sai dos EUA, e 1971, quando retornei."


"The presenter (change agent) taught us how to “manipulate” the taxpayers/parents into accepting controversial programs. He explained how to identify the “resisters” in the community and how to get around their resistance. He instructed us in how to go to the highly respected members of the community—those with the Chamber of Commerce, Rotary, Junior League, Little League, YMCA, Historical Society, etc.—to manipulate them into supporting the controversial/non-academic programs and into bad-mouthing the resisters. Advice was also given as to how to get the media to support these programs.

I left this training—with my very valuable textbook, The Change Agent’s Guide to Innovations in Education, under my arm—feeling very sick to my stomach and in complete denial over that in which I had been involved. This was not the nation in which I grew up; something seriously disturbing had happened between 1953 when I left the United States and 1971 when I returned."


Charlotte Thomson Iserbyt


Baixe o livro(em inglês) : The Deliberate Dumbing Down of America


Fonte: deliberatedumbingdown

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Refúgios da esquerda

"Com a queda súbita do muro de Berlim e a debacle irreparável do chamado "socialismo real", é compreensível que os esquerdistas tenham caído em orfandade, pois, até então se abrigavam na fortaleza do marxismo, o qual, no dizer de Raymond Aron, foi, durante quase meio século, o "ópio dos intelectuais".

Houve um primeiro momento de perplexidade e mesmo de desespero, mas, como é natural, os ex-adoradores de Marx passaram logo a rever suas posições, procurando novos refúgios para suas pretensões e atividades, recorrendo, se possível, a novas ideologias.

Nesse sentido, duas vias foram preferidas. A mais importante delas, e a mais consciente e honesta, foi propiciada pelos exageros do neoliberalismo, cujos adeptos, não contentes com a verificação de que o capitalismo era uma "realidade" perante a "ilusão" marxista, pretenderam não só minimizar a competência dos Estados nacionais, mas também reduzir toda a ação política aos problemas econômico-financeiros, com o olvido dos valores sociais, até o ponto de julgarem a justiça social uma expressão "meaningless", ou seja, desprovida de sentido.

Foi mérito, primeiro, dos trabalhistas britânicos de Tony Blair e, depois, dos socialistas franceses de Lionel Jospin assumir uma posição de equilíbrio, reconhecendo, de um lado, a vitória irretorquível de dois valores do liberalismo - o da livre iniciativa como fator primordial do desenvolvimento, e a falência do Estado como empresário - e, de outro, a necessidade de infundir socialidade nas artérias da economia liberal. Essas opções já vinham, em última análise, coincidir com a tese já levantada pelos defensores do "social-liberalismo", segundo o qual não é possível deixar o destino do homem e da sociedade entregue aos dados do mercado, isto é, à livre e incontrolada competição dos interesses individuais, tida ilusoriamente como fonte perene de bem-estar social.

Pois bem, se as forças mais responsáveis da esquerda souberam fazer sua necessária autocrítica, firmando novas bases de ação política, o esquerdismo irresponsável preferiu optar por soluções demagógicas, graças à utilização tática de algumas idéias em vigor, suscetíveis de exploração fácil e atraente.

Essa idéias convertidas em fulcro das atividades políticas e proclamadas como sendo as únicas representativas da cultura e da dignidade humana são, principalmente, a ecológica, ou da defesa do meio ambiente; a do anti-racismo, ou a luta pela igualdade étnica; e a da igualdade total dos sexos, visando sobretudo o reconhecimento dos direitos iguais dos gays.

É claro que ninguém há que não reconheça o que há de procedente em cada um desses movimentos, mas uma coisa é reconhecer a legitimidade dos valores em que se baseiam, e outra coisa é pretender convertê-los, demagogicamente, em objetos únicos da vida individual e coletiva. Quando um valor é exacerbado, até o ponto de tudo ser reduzido a seus parâmetros, está aberto o campo para o extremismo ideológico, com perda do senso de sereno equilíbrio que nos deve orientar para sabermos o que é ou não lícito defender com plena liberdade.

O certo é que a ideologização dos três valores acima discriminados, sempre com a malícia e a irresponsabilidade próprias da "esquerda festiva", já está ameaçando, também no Brasil, a causa da liberdade, sem a qual nenhum valor subsiste, visto tornar-se impossível a sua natural ou espontânea realização, em prejuízo da democracia, a qual não se compreende sem o convívio de idéias divergentes ou contrárias.

Foi o que aconteceu, há poucos dias, em lamentável episódio ocorrido na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, onde três estudantes foram covardemente espancados a pretexto de racismo, somente por terem publicado um jornal com o título de O Indivíduo, em reação contra certas pregações coletivistas com que se procura mascarar o renitente esquerdismo marxista.

O pior é que os dirigentes da PUC não titubearam em apoiar os agressores, somente para parecerem libertos de preconceitos conservadores ou arcaicos, ganhando o aplauso dos mais fortes ou numerosos, que se autoproclamam senhores da verdade. Não é a primeira vez que a PUC do Rio de Janeiro é vítima do que costumo denominar "complexo de Torquemada", isto é, da má consciência que alguns católicos têm em razão de conhecidos abusos perpetrados, no passado, pela Igreja contra a liberdade de pensamento, fatos esses que de resto devem ser objetivamente apreciados em razão dos valores culturais dominantes na época histórica, ainda que insuscetíveis de plena justificação.

É necessário, pois, que os homens de responsabilidade tomem posição imediata contra certas atitudes de violento inconformismo que estão surgindo no País, a pretexto de novas reivindicações ideológicas, exigindo que se contraponham idéias contra idéias, e não o uso da força bruta contra convicções que nos pareçam insustentáveis. Sem tolerância, em suma, não há democracia, porque ela é o respaldo insubstituível da liberdade democrática."

Miguel Reale é jurista, filósofo, membro da Academia Brasileira de Letras e
ex-reitor da USP.

Transcrito do JORNAL DA TARDE de 08 de dezembro de 1997.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

A fim de evitar os costumeiros erros praticados por filósofos menores...

"Na Filosofia moderna, o termo conceito, por influência de Descartes e de Port Royal, foi substituído pelo termo idéia, gerando uma seqüência de confusões que mais serviram para perturbar o pensamento humano que para iluminá-lo."

Baixe o livro: Origem dos Grandes Erros Filosóficos - Mário Ferreira dos Santos

Fonte: 4shared
"Na Filosofia moderna, o termo conceito, por influência de Descartes e de Port Royal, foi substituído pelo termo idéia, gerando uma seqüência de confusões que mais serviram para perturbar o pensamento humano que para iluminá-lo."

Baixe o livro: Origem dos Grandes Erros Filosóficos - Mário Ferreira dos Santos

Fonte: 4shared

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Velho safado e puxa-saco de genocida.

"Para o arquiteto, o mundo, a América do Sul, o Brasil e o Rio estão melhor hoje, "apesar de George W. Bush e das favelas".

"Fidel, Chávez, eles representam a luta de hoje. O capitalismo domina, mas ele vai fracassar. Tenho fé nisso. A revolução não pode parar", conclui."

Oscar Niemeyer

Fonte: UOL

A sociedade não pensa


Baixe o livro: Ação Humana - Ludwig von Mises

"É sempre o indivíduo que pensa. A sociedade não pensa, da mesma forma que não come nem bebe. A evolução do raciocínio humano, desde o pensamento simples do homem primitivo até o pensamento mais sutil da ciência moderna, ocorreu no seio da sociedade. Não obstante, o pensamento em si é uma façanha individual. Existe ação conjunta, mas não pensamento conjunto. Existe apenas a tradição, que preserva e transmite pensamentos a outros, como um estímulo para sua reflexão. Entrentanto, o homem não tem como se apropriar dos pensamentos de seus precursores, a não ser repensando-os de novo. Só então, partindo da base dos pensamentos de seus predecessores, terá condições de ir mais adiante. O principal veículo da tradição é a palavra. O pensamento está ligado à palavra e vice-versa. Os conceitos estão embutidos em termos. A linguagem é uma ferramenta do pensamento, como também da ação na sociedade."


Baixe o livro: Ação Humana - Ludwig von Mises


Fonte: OrdemLivre

domingo, 9 de dezembro de 2007

Quem é favorável a ditaduras tem sempre em mente a necessidade de dominar todas as vontades

Baixe o livro: Intervencionismo - Ludwig von Mises

“Quem apóia uma ditadura, o faz por achar que o ditador está fazendo o que, na sua opinião, precisa ser feito. Quem é favorável a ditaduras tem sempre em mente a necessidade de dominar todas as vontades, inclusive a sua própria vontade.

Examinemos, por exemplo, o slogan “economia planejada”, que particularmente nos dias de hoje é um pseudônimo de socialismo. Qualquer coisa que as pessoas façam tem que ser primeiramente concebida e nesse sentido planejada. Mas aquele que, como Marx, rejeitam a “produção anárquica” e pretendem substituí-la pelo “planejamento” não consideram a vontade e os planos das outras pessoas. Só uma vontade deve prevalecer, só um plano deve ser implementado, qual seja, aquele que tem a aprovação do neurótico, o plano que ele considera correto, o único plano. Qualquer resistência deve ser subjugada, nada que impeça o pobre neurótico de tentar ordenar o mundo segundo seus planos deve ser permitido – todos os meios que façam prevalecer a suprema sabedoria do sonhador devem ser usados.

Essa é a mentalidade das pessoas que, numa exposição das pinturas de Manet em Paris, exclamavam: a polícia não devia permitir isso! Essa é a mentalidade das pessoas que constantemente clamam: devia haver uma lei contra isso! E, quer eles admitam ou não essa é a mentalidade de todos os intervencionistas, socialistas e defensores das ditaduras. A única coisa que eles odeiam mais do que o capitalismo é o intervencionismo, socialismo ou ditadura que não corresponda à sua vontade. Com que entusiasmo os nazistas e os comunistas lutam entre si! Com que determinação os partidários de Trotsky combatem os de Stalin ou os seguidores de Strasser os de Hitler."


Baixe o livro: Intervencionismo - Ludwig von Mises

Fonte: 4shared

Poemas falados de Julio Cortázar

Ouça: Poemas de Julio Cortázar - Histórias de cronópios e de famas


Fonte: Senado

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Karl Marx por Eric Voegelin

Baixe a obra: Karl Marx por Eric Voegelin

"Na raiz da idéia marxiana está uma doença espiritual, a revolta gnóstica de quem se fecha à realidade transcendente. A incapacidade espiritual aliada à vontade mundana de poder provoca o misticismo revolucionário. A proibição das questões metafísicas acerca do fundamento do ser; "Será possível negar Deus e manter a razão?" destrói a ordem da alma. Mas a par desta impotência espiritual há a vitalidade de um intelecto que desenvolve uma especulação fechada. As Teses sobre Feuerbach mostram que o homem marxiano não quer ser uma criatura. Rejeita as tensões da existência que apontam para o mistério da criação. Quer ver o mundo na perspectiva da coincidentia oppositorum, a posição de Deus. Cria um fluxo de existência em que os opostos se transformam uns nos outros. O mundo fechado em que os sujeitos são objectos e os objectos actividades, é talvez o melhor feitiço jamais criado por quem queria ser divino. Temos de levar a sério este dado para compreender a força e a consistência intelectual desta revolta anti-teista."


Baixe a obra: Karl Marx por Eric Voegelin


Fonte: 4shared

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O homem perante a natureza

Baixe a obra: O homem perante a natureza - Blaise Pascal

"Acreditamos muito naturalmente sermos mais capazes de alcançar o centro das coisas do que de abraçar-lhes a circunferência; a extensão visível do mundo ultrapassa-nos manifestamente; porém, como ultrapassamos as coisas pequenas, acreditamo-nos mais capazes de possuí-las; entretanto, não nos falta menos capacidade para chegar ao nada do que chegar ao todo; para um, como para outro, falta-nos uma capacidade infinita, e creio que quem tivesse compreendido os princípios últimos das coisas chegaria também a conhecer o infinito. Uma coisa depende da outra, e uma conduz à outra. Esses extremos se tocam, e se unem, à força de se afastarem, encontrando-se em Deus, e somente em Deus."


Baixe a obra: O homem perante a natureza - Blaise Pascal


Fonte: Domínio Público

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

George Trakl

Melancolia

Sombras azuladas. Oh, olhos de mágoa
Que olham longamente ao deslizar.
Guitarras nos Jardins, a acompanhar
O outono e a dissolver-se em escuras águas.
Duras trevas da morte, construídas
Por mãos nínficas, rubros seios sugados
Por podres lábios, e os cabelos molhados
do lovem nas águas enegrecidas

Melacoli

Bläuliche Schatten. O ihr dunklen Augen,
Die Lang mich anschaun im Vorübergleiten.
Guitarrenklänge sanft den Herbst begleiten
Im Garten, aufgelöst in braunen Laugen.
Des Todes ernste Düstenis bereiten
Nymphische Hände, na roten Brüsten Saugen
Verfallne Lippen und in schwarzen Laugen
Des sonnenjünglings Feuchte Locken gleiten.

Lamento

Sono e morte, as sombrias águias
Esvoaçam toda noite ao redor desta cabeça:
A vaga gelada da eternidade
engolindo a imagem dourada
Do homem. Em tenebrosos recifes
Despedaça-se o corpo purpúreo
E a voz grave lamenta-se
sobre o mar.
Irmã de amotinada melancolia
Olha, um barco receoso afunda-se
Sob estrelas,
Sob o rosto silencioso da noite.

Klage

Schlaf und Tod, die düstern Adler
Umrauschen nachtlang dieses Haupt:
Des Menschen goldnes Bildnis
Verschlänge die eisige Woge
Der Ewigkeit. Na schaurigen Riffen
Zerschellt der purpurne Leib
Und es klagt die dunkle Stimme
über dem Meer.
Schwester stürmischer Schwermut
Sieh ein ängstlicher kahn versinkt
Unter Sternen,Dem schweigenden Antlitz der Nacht.


Fonte: Casa de estudos Germânicos

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Em Busca de Sentido

"Nós éramos gratos ao destino quando ele nos poupava de sustos, os mínimos que fossem. Já ficávamos contentes quando à noite podíamos catar os piolhos do corpo, antes de nos deitar. Em si, não era uma operação agradável, porque era preciso despir-nos no barracão quase nunca aquecido, em cujo interior, muitas vezes, pendiam do teto estalactites de gelo. Mas nos dávamos por satisfeitos quando, em tal hora, não havia um alarme aéreo que causasse um blecaute e nos impedisse de completar a operação cata-piolho, o que significava metade da noite sem conseguir dormir. É claro que todas essas miseráveis "alegrias" do campo de concentração representavam por excelência uma felicidade no sentido negativo de Schopenhauer, ou seja, uma isenção de sofrimento, e mesmo esta, conforme mostramos acima, apenas em sentido muito relativo."

Baixe o livro: Em Busca de Sentido - Viktor Frankl

domingo, 2 de dezembro de 2007

A estética de Lévi-Strauss

Baixe o livro: A estética de Lévi-Strauss - José Guilherme Merquior

"Já o parelelo entre xamanismo e psicanálise pusera em relevo a defasagem entre a sociedade moderna, senhora de uma tecnologia avançada, e a sociedade primitiva. Com efeito, se o mito é, entre outras coisas, uma tentativa de organização da experiência vivida, e se, além disso, na terapia do xamã tanto quanto na do analista, o doente experimenta sempre uma cristalização afetiva, induzida por certos acontecimentos, que se elaboram "dans le moule d'une structure pré-existente" (L-S, 1958, 224), esta cristalização se constitui, no caso do doente assistido pelo xamã, a partir de um mito "reçu (...) de la tradition collective" ao passo que, no caso do psicanalizado, ela se impõe a "situations remémorées" realmente e individualmente vividas."


Baixe o livro: A estética de Lévi-Strauss - José Guilherme Merquior

Fonte: PDL

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Minha filosofia

Baixe o livro: Cuca fundida - Woody Allen

"Querem saber como comecei a desenvolver minha filosofia? Foi assim: Minha mulher, ao convidar-me para provar o primeiro suflê de sua vida, deixou cair acidentalmente uma fatia dele no meu pé, fraturando com isso diversos artelhos. Médicos foram chamados, raios X tirados e, depois de examinado do tornozelo aos pés, mandaram-me ficar de cama durante um mês. Durante a convalescença, dediquei-me ao estudo dos maiores pensadores ocidentais - uma pilha de livros que eu havia reservado justamente para uma oportunidade dessas. Desprezando a ordem cronológica, comecei por Kierkegaard e Sartre e depois passei rapidamente para Spinoza, Hume, Kafka e Camus. Não me entediei nem um pouco, como supunha. Ao contrário, fiquei fascinado pela lepidez com que esses gênios demoliam a moral, a arte, a ética, a vida e a morte. Lembro-me de minha reação a uma observação (como sempre, luminosa) de Kierkegaard: “Toda relação que se relaciona consigo mesma (ou seja, consigo mesma) deve ter sido constituída por si mesma ou então por outra.” O conceito trouxe lágrimas aos meus olhos. Puxa vida! - pensei - isso é que e ser profundo!"

Baixe o livro: Cuca fundida - Woody Allen

Fonte: PDL

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Os intelectuais e o gramscismo no Brasil

"...Assim, neste clima de desilusão com a luta armada (uma típica visão da orientação leninista do PCB), aparece Gramsci com uma nova solução para os problemas revolucionários: não há necessidade de lutarmos (no sentido bélico do termo), basta nós conquistarmos (o que Gramsci chamou de guerra de posições) as posições da classe dominante e formarmos o consenso. Assim, subvertendo toda a orientação dos intelectuais comunistas brasileiros (versados no marxismo-leninismo e fazendo acontecer o previsto em seu livro “Estado e Revolução”) aparecem novos intelectuais interessados em re-pensar o marxismo no Brasil. Deste modo, Gramsci aparece como um salvador da política da esquerda nas décadas de 60-70 e ainda nos tempos atuais."


Leia o post completo em : Ação Humana


Fonte: Ação Humana

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Olhe-a bem. Já não a verá nunca mais.

Baixe: poemas e contos de Jorge Luis Borges

"- Não pode ser, mas é. O número de páginas deste livro é exatamente infinito. Nenhuma é a primeira; nenhuma, a última. Não sei por que estão numeradas desse modo arbitrário. Talvez para dar a entender que os termos de uma série infinita admitem qualquer número."

Jorge Luis Borges

O livro de areia / Funes, o memorioso / A biblioteca de Babel / O Outro / As coisas / O Livro / Poema dos dons / O forasteiro / etc...


Baixe: poemas e contos de Jorge Luis Borges


Fonte: 4shared

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O kitsch não se interessa pelo insólito, ele fala de imagens-chave, profundamente enraizadas na memória dos homens

Baixe o livro: A Insustentável Leveza do Ser - Milan Kundera

"A primeira revolta interior de Sabina contra o comunismo não tinha uma conotação ética, mas estética. O que a repugnava não era tanto a feiúra do mundo comunista (os castelos convertidos em estábulos), mas a máscara de beleza com que ele se disfarçara, isto é, o kitsch comunista. O modelo desse kitsch era a chamada festa de 1º de maio...

A palavra de ordem tácita e não escrita do desfile não era Viva o comunismo! mas sim Viva a vida! A força e a astúcia da política comunista foi ter se apossado dessa palavra de ordem. Era precisamente essa estúpida tautologia ( Viva a vida ) que levava ao desfile comunista pessoas completamente indiferentes às idéias comunistas."

Baixe o livro: A Insustentável Leveza do Ser - Milan Kundera

Fonte: 4Shared

domingo, 25 de novembro de 2007

Perdoa-me por me traíres

Baixe : Perdoa-me por me traíres - Nelson Rodrigues

"Gilberto - Não, Raul! Quero um lugar em que eu possa gritar, onde eu seja amarrado materialmente! Psicanálise, não. Calmantes, eu quero calmantes! Ou, já sei: malária! Não acredito em psicanálise, mas acredito em febre! Quero que a febre queime os miolos da minha cabeça e, sobretudo isto: não quero pensar. (num crescendo fanático) Não quero, não quero, não quero! (termina num soluço)."


Baixe : Perdoa-me por me traíres - Nelson Rodrigues


Fonte: 4shared


sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Ponho as cartas na mesa

"Anjo daltônico

Tempo da infância, cinza de borralho,
tempo esfumado sobre vila e rio
e tumba e cal e coisas que eu não valho,
cobre isso tudo em que me denuncio.

Há também essa face que sumiu
e o espelho triste e o rei desse baralho.
Ponho as cartas na mesa. Jogo frio.
Veste esse rei um manto de espantalho.

Era daltônico o anjo que o coseu,
e se era anjo, senhores, não se sabe,
que muita coisa a um anjo se assemelha.

Esses trapos azuis, olhai, sou eu.
Se vós não os vedes, culpa não me cabe
de andar vestido em túnica vermelha."


Jorge de Lima

Fonte: Projeto Releituras

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Antes que acabe em nós

Árias Pequenas. Para Bandolim - Hilda Hilst


Antes que o mundo acabe, Túlio,

Deita-te e prova

Esse milagre do gosto

Que se fez na minha boca

Enquanto o mundo grita

Belicoso. E ao meu lado

Te fazes árabe, me faço israelita

E nos cobrimos de beijos

E de flores


Antes que o mundo se acabe

Antes que acabe em nós

Nosso desejo.


(Júbilo Memória Noviciado da Paixão(1974) - Árias Pequenas. Para Bandolim - XI)
(Poesia: 1959-1979 - São Paulo: Quíron; [Brasília]: INL, 1980.)


Fonte: Hilda Hilst

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Pessoas que se recusam a enfrentar a realidade

"Um dos sinais dolorosos de anos de educação emburrecedora é a quantidade de pessoas que são incapazes de formular um argumento coerente. Elas são capazes de expressar suas emoções, de questionar o motivo dos outros, de fazer ousadas afirmações, de repetir slogans – tudo, menos de raciocinar."

Thomas Sowell

Leia o artigo completo: Pensamentos esparsos - Thomas Sowell

Fonte: Mídia Sem Máscara

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

lógica e dialética

Baixe o livro - Lógica e Dialética - Mario ferreira dos Santos

"Uns objectos residem no espaço e no tempo, como os objectos das ciências naturais; outros, apenas no tempo, como os fenômenos psíquicos, e outros não são nem temporais nem espaciais, como os objectos matemáticos e os da lógica. Essas diferenças exigem métodos diferentes. Por isso, a aplicação do método deductivo na física, como o fêz Descartes, não poderia dar os resultados esperados, pois a contextura dos fenômenos físicos não é apenas matemática. Também a aplicação do método experimental, na Psicologia, não apreendeu senão parte dos fenômenos psicológicos, porque a vida é rebelde a toda sistematização. A predominância de uma das ordens energéticas, a da intensidade ou a da extensidade, exige a aplicação de métodos diferentes."


Mario Ferreira dos Santos


Baixe o livro - Lógica e Dialética - Mario Ferreira dos Santos

ebook - tropa de elite

"A população reclama da gente porque acha que é muito fácil manter a ordem na cidade. Mal sabe que, enquanto o jantar está sendo saboreado em família, na frente da televisão, no conforto do lar, do outro lado, no submundo, muito sangue está correndo, o nosso e o dos vagabundos."


Baixe o livro - Tropa de Elite


Fonte: Forum-Invaders

domingo, 18 de novembro de 2007

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Quanto ao pacifismo

Baixe o livro: A rebelião das massa - José Ortega y Gasset

"Há uns dias, Alberto Einstein acreditou ter "direito" a opinar sobre a guerra civil espanhola e tomar possessão ante ela. Ora bem, Alberto Einstein usufrui uma ignorância radical sobre o que acontece na Espanha agora, há séculos e sempre. O espírito que o leva a esta insolente intervenção é o mesmo que há muito tempo vem causando o desprestígio universal do homem intelectual, que, por sua vez, faz com que o mundo vá à deriva, falta de pouvoir spirituel."


Baixe o livro: A rebelião das massa - José Ortega y Gasset

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Qualquer vivia em uma como cidade

Qualquer vivia em uma como cidade
(com sinos abaixo tão flutuantes acima)
flores calor outono e frio
cantava seu sem dançava seu com

Mulheres e homens (os itos e os inhos)
nem queriam saber de qualquer
plantavam o não-ser colhiam seu mesmo
sol lua estrelas e chuva

Crianças supunham (mas só umas poucas
e p'ra baixo esqueciam ao p'ra cima crescer
outono frio flores calor)
que ninguém o amava mais por mais


Ela quando por já e planta por folha
dele ria a alegria carpia o pesar
ave por neve e ande por pare
o qualquer de qualquer era tudo para ela

Alguéns desposavam seus tudos
deles riam os choros cantavam a dança
(dormir acordar esperar e então)
diziam seus nuncas dormiam seus sonhos

Estrelas chuvas sol e lua
(e só essa neve começa a explicar
como crianças podem se esquecer de lembrar
com sinos abaixo tão flutuantes acima)

Um dia morreu qualquer eu acho
(e ninguém se abaixou para sua face beijar)
gente de afã os enterrou lado a lado
pouco a pouco e foi a foi

Tudo por tudo e fundo por fundo
e mais por mais eles sonham seu sono
qualquer e ninguém terra por flores
desejo por alma e o se pelo sim

Mulheres e homens (os dins e os dãos)
calor outono frio e flores
colheram o plantado e foram sua volta
sol lua estrelas e chuva.

e. e. cummings
(trad. Julio Pinto de (anyone lived in a pretty how town))

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Audiobook em português IV

Baixe: Poemas de Fernando Pessoa

Ah, um Soneto
Aniversário
Auto psicografia
Cruz na Porta da Tabacaria
Esta Velha Angustia
Grandes são os Desertos
O Guardador de Rebanho parte VIII
O Menino da Sua mãe
O Monstrengo
Ode Triunfal
Poema em Linha Reta
Quando Era Jovem
Quero Ignorado
Se Te Queres Matar
Tenho do das Estrelas
Vem sentar-te comigo Lídia
Vem, Noite


Baixe: Poemas de Fernando Pessoa


Fonte: PDL

domingo, 11 de novembro de 2007

Tolices.

Baixe o livro: O homem que era quinta-feira - G. K. Chesterton

"- Tolices! - exclamou Gregory, que era muito racional quando outro qualquer tentava paradoxos. - Por que razão todos os passageiros dos comboios têm um ar triste e cansado, tão triste e tão cansado? Vou dizer-lhe: é porque sabem que o comboio vai direito ao seu destino, é porque sabem que chegarão à estação para que tomaram bilhete. E porque sabem que a estação a seguir a Sloane Square será Vitória e nenhuma outra senão Vitória. Oli, que alegria louca! Oh, como brilhariam os seus olhos e como as suas almas voltariam ao Paraíso se a próxima estação fosse, inexplicavel mente, Baker Street!"

Baixe o livro: O homem que era quinta-feira - G. K. Chesterton


Fonte: PDL

Confie em mim.

Diogo Mainardi no Jô Soares 06.11.2007

Parte 1


Parte 2



Parte 3

Fonte: Um certo Diogo Mainardi

sábado, 10 de novembro de 2007

O acesso aos prazeres proibidos

Baixe o livro: Madame Bovary - Gustave Flaubert

"Habituou-se a freqüentar a taberna, com a paixão pelo dominó. Encerrar-se todas as noites num lugar público imundo, para bater com pedaços de osso de carneiro, marcados com pintas pretas, em cima de mesas de mármore, parecia-lhe um acto precioso da sua liberdade, que lhe elevava o conceito que tinha de si mesmo. Era uma espécie de iniciação no mundo, o acesso aos prazeres proibidos, e, ao entrar, punha a mão na maçaneta da porta com um gozo quase sensual: Então, muita coisa nele reprimida se expandiu, aprendeu de cor versos que cantavam as boas-vindas, entusiasmou-se por Béranger, aprendeu a fazer ponche e conheceu, enfim, o amor Graças a este gênero de preparação, fracassou completamente no seu exame de oficial de saúde. Era esperado em casa, na noite do próprio dia do exame, para festejar o seu triunfo!"



Baixe o livro: Madame Bovary - Gustave Flaubert

Fonte: PDL

Uma falsificação criada por nós mesmos

“Certas emoções saltam por cima dos anos e estabelecem ligações inesperadas entre lugares diversos. Às vezes estas ligações chegam a fazer-nos perder a noção de onde estamos, e nos vemos sozinhos: o rapaz, o menino, a criança pequena. O mundo físico, que ainda continuamos a provar, parece-nos então uma falsificação criada por nós mesmos, que sempre conhecemos.”

V.S. Naipaul, Os mímicos.


sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O Cego

Baixe: Rainer Maria Rilke - Poemas

Baixe: Rainer Maria Rilke - Contos

"Ele caminha e interrompe a cidade,
que não existe em sua cela escura,
como uma escura rachadura
numa taça atravessa a claridade.

Sombras das coisas, como numa folha,
nele se riscam sem que ele as acolha:
só sensações de tacto, como sondas,
captam o mundo em diminutas ondas:

serenidade; resistência —
como se à espera de escolher alguém, atento,
ele soergue, quase em reverência,
a mão, como num casamento."


Baixe: Rainer Maria Rilke - Poemas

Baixe: Rainer Maria Rilke - Contos


Fonte: Portaldetonando

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

...se tivéssemos uma verdadeira Antropolo­gia, uma verdadeira Psicologia, tais fatos seriam conhecidos de todos.

Baixe o livro : O Lobo Da Estepe - Hermann Hesse

"O "suicida" — e
Harry era um deles — não precisa necessariamente viver em relações particularmente intensas com a morte; isto se pode fazer sem que se seja um suicida. É pró­prio do suicida sentir seu eu, certo ou errado, como um ger­me da Natureza, particularmente perigoso, problemático e daninho, que se encontrava sempre extraordinariamente ex­posto ao perigo, como se estivesse sobre o pico agudíssimo de um penedo onde um pequeno toque exterior ou a mais leve vacilação interna seriam suficientes para arrojá-lo no abismo. Esta classe de homens se caracteriza na trajetória de seu desti­no porque para eles o suicídio é a forma de morte mais veros­símil, pelo menos segundo sua própria opinião. A existência dessa opinião, que quase sempre é perceptível já na primeira mocidade e acompanha esses homens durante toda sua vida, não representa, talvez, uma particular e débil força vital, mas, ao contrário, encontram-se entre os suicidas naturezas extraordinariamente tenazes, ambiciosas e até ousadas. Mas assim como há naturezas que caem em febre diante da mais ligeira indisposição, assim propendem essas naturezas a que chamamos "suicidas" e que sempre são muito delicadas e sensíveis à menor comoção, a entregar-se intensamente à idéia do suicídio. Se tivéssemos uma ciência que possuísse coragem e autoridade suficientes para ocupar-se do ho­mem, em vez de fazê-lo simplesmente no mecanismo dos fenômenos vitais, se tivéssemos uma verdadeira Antropolo­gia, uma verdadeira Psicologia, tais fatos seriam conhecidos de todos."


Baixe o livro : O Lobo Da Estepe - Hermann Hesse


Fonte: 4shared-paradisenow

Carta a Serge Diaghilev

"Ao Homem

Não posso nomeá-lo, pois não se pode nomeá-lo. Não o escrevo às pressas, pois não quero que suponha que eu estou nervoso. Eu não sou um homem nervoso. Gosto de escrever calmamente. Gosto de escrever. Não gosto de escrever frases bonitas. Não aprendi a escrever frases bonitas. Quero escrever o pensamento. Eu preciso do pensamento. Não tenho medo de você. Sei que me detesta. Eu o amo como a gente ama um ser humano. Não quero trabalhar com você. Quero lhe dizer uma coisa. Eu trabalho muito. Não estou morto. Eu vivo. Deus vive em mim. Eu vivo em Deus. Deus vive em mim. Eu trabalho muito a dança. Minha dança está progredindo. Eu escrevo bem, mas não sei escrever frases bonitas. Você gosta de frases bonitas. Eu não gosto de frases bonitas. Você forma trupes. Eu não formo trupes. Não sou um cadáver. Sou um homem vivo. Você é um homem morto, pois seus objetivos estão mortos. Não o chamei de amigo, pois sei que é meu inimigo. Eu não sou seu inimigo. O inimigo não é Deus. Deus não é um inimigo. Os inimigos buscam a morte, eu busco a vida. Eu tenho amor. Você tem maldade. Eu não sou uma besta feroz. Você é uma besta feroz. As bestas ferozes não amam as pessoas. Eu amo as pessoas. Dostoievski amava as pessoas. Eu não sou um idiota. Sou um homem. O Idiota de Dostoievski é um homem. Eu sou um idiota. Dostoievski é um idiota. Você achava que eu era tolo. Eu achava que você era tolo. Nós achávamos que nós éramos tolos. Não quero conjugar. Não gosto de conjugações. Você gosta que as pessoas se inclinem dian­te de você. Eu gosto que as pessoas se inclinem diante de mim. Você injuria os que se inclinam. Eu amo os que se inclinam. Eu atraio as inclinações. Você faz medo às inclinações. Sua inclinação não é uma inclinação. Minha inclinação é uma inclinação. Eu não aceito seu sorriso, porque ele tem cheiro de morte. Eu não sou a morte, e não sorrio. Não escrevo para escarnecer. Escrevo para chorar. Eu sou um homem com sentimento e razão. Você é um homem com inteligência, mas sem sentimen­to. Seu sentimento é mau. Meu sentimento é bom. Você quer me perder. Eu quero salvá-lo. Eu o amo. Você não me ama. Eu lhe quero bem. Você me quer mal. Conheço suas artimanhas. Eu fingia estar nervoso. Fingia ser tolo. Eu não era um moleque. Eu era Deus. Eu sou Deus em você. Você é uma besta, e eu sou amor. Você não ama aquelas pessoas agora. Eu amo aquelas pessoas e todos agora. Não pense, não escute. Eu não sou seu. Você não é meu. Eu o amo agora. Eu o amo sempre. Eu sou seu. Eu sou meu. Você é meu. Gosto de conjugá-lo. Gosto de me conjugar. Eu sou seu. Eu sou meu.

Quero lhe escrever muito, mas não quero traba­lhar com você, pois seus objetivos são outros. Sei que sabe fingir. Não gosto de fingimentos. Gosto de fingi­mentos, quando o homem quer o bem. Você é um homem mau. Você não é um czar. Já eu, eu sou um czar. Você não é o meu czar, e eu sou o seu czar. Você me quer mal. Eu não lhe quero mal. Você é mau, e eu sou uma canção de ninar. Nana, nana, nana, nana. Durma sossegado, nana, nana. Nana. Nana. Nana.

De homem para homem

Vaslav Nijinski"

cadernos de nijinski

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Mas poder-se-á estabelecer uma comparação tão cínica e grotesca?

Baixe o livro - Crime e Castigo - Fiodor M. Dostoiévski

"Não há dúvida", resmungou para consigo próprio, passado um minuto, com um certo sentimento de auto-humilhação, "não há dúvida de que já não há maneira de emendar nem de desfazer todos esses disparates... e, portanto, é preciso não pensar mais nisso. O que eu farei é apresentar-me ali sem dizer nada e... cumprir a minha obrigação... também sem murmurar, e... e não apresentar desculpas nem dizer uma palavra do assunto; e... e também não há dúvida de que já está tudo perdido."

Baixe o livro - Crime e Castigo - Fiodor M. Dostoiévski

Fonte: Biblioteca Novos Horizontes

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Canto dos Emigrantes

"Com seus pássaros

ou a lembrança de seus pássaros,

com seus filhos

ou a lembrança de seus filhos,

com seu povo

ou a lembrança de seu povo,

todos emigram.


De uma quadra a outra

do tempo,

de uma praia a outra

do Atlântico,

de uma serra a outra

das cordilheiras,

todos emigram.


Para o corpo de Berenice

ou o coração de Wall Street,

para o último templo

ou a primeira dose de tóxico,

para dentro de si

ou para todos, para sempre

todos emigram."


Alberto da Cunha Melo


Fonte: Plataforma Para Poesia


Audiobook em português III

As Cidades Invisíveis - Italo Calvino

A Metamofose - Franz Kafka


Fonte: Encontro Marcado

Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe

"O Prêmio Jabuti em seu momento Cágado, ameaçado por uma paroxítona...
E o 49º Prêmio Jabuti, conferido pela Câmara Brasileira do Livro, teve, quem diria?, o seu “momento cágado”, e ainda com ameaças paroxítonas a rondá-lo. Uma estrovenga chamada “Latinoamericana – Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe” recebeu o grande prêmio de “livro do ano de não-ficção”. Trata-se de uma parceria do Laboratório de Políticas Públicas, da Uerj, comandado por Emir Sader, e da Boitempo Editorial, editora comandada pela namorada de Emir, Ivana Jinkins. É um daqueles momentos em que há um casamento feliz entre o público e o privado... O “projeto” custou, ao todo, R$ 2,023 milhões. Vocês verão de onde saiu o dinheiro. E tudo isso para cantar as glórias passadas, presentes e futuras da esquerda “latinoamericana”. O Jabuti premia a mentira, o engodo, a mistificação ideológica e o lixo intelectual. E vou provar. E aceito que a Câmara Brasileira do Livro tente demonstrar que estou errado."

Continue lendo no blog do Reinaldo Azevedo - Veja.com

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Filosofia da caixa preta

Baixe o Livro: Filosofia da caixa preta - Vilém Flusser

“O caráter mágico das imagens é essencial para a compreensão das suas mensagens. Imagens são códigos que traduzem eventos em situações, processos em cenas. Não que as imagens eternalizem eventos; elas substituem eventos por cenas. E tal poder mágico, inerente à estruturação plana da imagem, domina a dialética interna da imagem, própria a toda mediação, e nela se manifesta de forma incomparável.”


Baixe o Livro: Filosofia da caixa preta - Vilém Flusser

Mais sobre Vilém Flusser

domingo, 4 de novembro de 2007

Governo Federal

"O doente pode querer ou não querer quinino, mas o que quer certamente é saúde. Ninguém diz: 'Estou cansado desta dor de cabeça; quero uma dor de dentes!', ou: 'A única coisa para esta gripe russa é uma varicela germânica!' ou ainda 'Através desta caliginosa provação catarral, avisto o refulgente paraíso dum reumatismo!'. Todavia, a dificuldade dos nossos problemas públicos está toda em que certos homens procuram curas que outros homens considerariam como doenças ainda piores e oferecem ideais de saúde que outros se obstinam em classificar de estados patológicos."

G. K. CHESTERTON

Fonte: Pró Tensão

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

As forças de autodestruição do ser humano

"Elas são inegáveis, típicas da criatura e do ser composto, porque os elementos componentes que formam uma nova estrutura são subordinados ao interesse da totalidade, porém cada um deles tem, também, o seu interesse próprio, da sua parte que colide com o interesse coletivo. Por isso nos decompomos e, tudo quanto é físico, decompõe-se e se destrói. Será possível, será suficiente que a nossa coragem possa enfrentar esta autodestruição?"

Mário Ferreira dos Santos

continue lendo: As forças de autodestruição do ser humano

Audiobook em português

O Alienista (Machado de Assis)

Os Lusíadas (Luís de Camões)

Dom Casmurro (Machado de Assis)

Triste Fim de Policarpo Quaresma (Lima Barreto)

Contos (Lima Barreto)


Fonte: LibriVox

E esse hiato truncado quem soletra?

"Hiato

Nem o corpo transborda nem o tempo

recua. A mão carece

e o sabe. Todo gesto nos encurta.

Para todos os lados somos nós.

e os muros, limitado

cone de nervos, solidão de braços.

E o que em nós se guardou mal nos conhece.


Aqui se esteve e , isento, outro se volta.

Esperou-se acordado, como idêntico,

e a fração, cinco sextos do momento,

deixou tudo de fora.

Acaso é por espaços que se cortam

as raízes ao tempo

ou antes foi de manso e pelo peito

que cresceram com dedos de memória

para dentro?


Mal se pergunta,

mas em tudo, vão, talvez, que se recorda,

no corpo ardia a seiva

ou se ajustava

tempos nas veias

o espaço recolhido que em nós morre?

Morreu-se um pouco e sofre

a sílaba quebrada que se tece

de negativas

não, amor, quando, e era a vida

que, consentida, é um laço a mais, teu lábio e a terra.

E esse hiato truncado quem soletra?"


Bruno Tolentino - anulação & outros reparos


quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Gravações de T.S. Eliot


No site The Poetry Archive é possível ouvir gravações de vários autores da língua inglesa declamando seus próprios poemas. Vale a pena conferir os poemas de T.S.Eliot.

Ivan Lessa

"se tiver que escrever, trate a humanidade a tapas e pontapés."

"Os brasileiros, para não perderem a forma, devem ser montados ao menos uma vez por semana."

"O brasileiro é um povo com os pés no chão – e as mãos também."


Para ler mais Ivan Lessa - Ivan Lessa - Arquivo BBCBrasil

Filosofia não é o campo dos palpites

"Filosofia não é filodoxia, filosofia não é o campo dos palpites, não é o campo das opiniões, na filosofia não há lugar para opinião. Quando se diz “qual é a sua opinião” não se está mais fazendo filosofia, está se fazendo filodoxia. Filosofia tem que se demonstrar, se não se pode demonstrar então fica em suspenso, continua se investigando até que se chegue a demonstração rigorosa."

Mário Ferreira dos Santos

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Os Irmãos Karamazov

“Sobretudo não minta ao senhor mesmo. Aquele que mente a si mesmo e escuta sua própria mentira vai ao ponto de não mais distinguir a verdade, nem em si, nem em torno de si; perde pois o respeito de si e dos outros. Não respeitando ninguém, deixa de amar; e para se ocupar, e para se distrair, na ausência de amor, entrega-se às paixões e aos gozos grosseiros; chega até a bestialidade em seus vícios, e tudo isso provém da mentira contínua a si mesmo e aos outros. Aquele que mente a si mesmo pode ser o primeiro a ofender-se. É por vezes bastante agradável ofender a si mesmo, não é verdade?”

Fiódor Dostoiévski - Os Irmãos Karamazov

Baixe o Livro: "Os Irmãos Karamazov" em português

Download: "The Brothers Karamazov" english version

Fonte: PDL

Casa Vazia - Alberto da Cunha Melo

CASA VAZIA

Poesia alguma, nunca mais
será um acontecimento:
escrevemos cada vez mais
para um mundo cada vez menos,


para esse público dos ermos,
composto apenas de nós mesmos,


uns joões batistas a pregar
para as dobras de suas túnicas,
em seu deserto particular;


ou cães ladrando, noite e dia,
dentro de uma casa vazia.

Alberto da Cunha Melo


*Esse poema foi transcrito das gravações realizadas pelo pessoal do Café Colombo quando entrevistaram Bruno Tolentino. Se comparado ao poema original, pequenas alterações foram feitas por Tolentino, como por exemplo, poema nenhum por poesia alguma , e latindo por ladrando . O poema ficou mais musical e ritmado.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Rei lear

"O exílio é aqui e longe, a liberdade."
Rei Lear (1605-1606), ato I, cena I.

Baixe o livro Rei Lear versão em português.

Download King Lear english version


William Shakespeare

A Revolução dos bichos

“Doze vozes gritavam cheias de ódio e eram todas iguais. Não havia dúvida, agora, quanto ao que sucedera à fisionomia dos porcos. As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já se tornara impossível distinguir quem era homem, quem era porco.”


Baixe o livro A revolução dos bichos - George Orwell

sábado, 27 de outubro de 2007

Cadernos de nijinski

“Vou falar de Nietzsche e de Darwin, pois eles pensavam. Darwin, assim como Nietzsche, descende do macaco. Eles imitam os que já inventaram alguma coisa. Acham que descobriram a América. Chamo de descobrir a América um homem repetir alguma coisa que já foi dita. Darwin não foi o primeiro a inventar o macaco. O macaco descende do macaco, e o macaco descende de Deus. Deus descende de Deus, e Deus de Deus. Eu sinto bem, pois compreendo tudo o que escrevo. Sou um homem de Deus, e não do macaco. Sou macaco se não sentir, sou Deus se sentir. Sei que muita gente ficará encantada com meu raciocínio, e ficarei feliz com isso, pois meu alvo terá sido alcançado.”

Vaslav Nijinski

Rilke

"Quero viver como se o meu tempo fosse ilimitado. Quero me recolher, me retirar das ocupações efêmeras. Mas ouço vozes, vozes benevolentes, passos que se aproximam e minhas portas se abrem..."

Rainer Maria Rilke

Leia mais em Cultura Pará

O Estrangeiro

"Sentia-me agora outra vez calmo. Estava estafado e deixei-me cair sobre a cama. Julgo que dormi, pois acordei com estrelas sobre o rosto. Subiam até mim ruídos campesinos. Aromas de noite, de terra e do sol refrescavam-me as têmporas. A paz maravilhosa deste verão adormecido entrava em mim como uma maré. Neste momento, e no limite da noite, soaram apitos. Anunciavam possivelmente partidas para um mundo que me era para sempre indiferente. Pela primeira vez, havia muito tempo, pensei na minha mãe. Julguei ter compreendido por que é que, no fim de uma vida, arranjara um "noivo",por que é que fingira recomeçar."


O Estrangeiro - Albert Camus

Baixe o livro: O Estrangeiro - Albert Camus

Fonte: e-livro

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Bruno Tolentino

TOLENTINO - A cultura filosófica brasileira é quase nula. Nossos professores gastaram décadas lendo Marx, em vez de Husserl. Aqui só dá o tripé Kant, Hegel e Marx. E onde está a grande tradição escolástica que vai de Aristóteles a Husserl? Isso não é lido nem discutido aqui. Mas existe uma filosofia brasileira. Reale e Olavo de Carvalho, que não se formaram em lugar algum, não perderam tempo com essa estupidez. Foram estudar e aprender as tantas línguas que falam. Eu, quando tenho dificuldade com latim, grego ou alemão, é para eles que telefono.

Continue lendo em O Indivíduo.