"Hiato
Nem o corpo transborda nem o tempo
recua. A mão carece
e o sabe. Todo gesto nos encurta.
Para todos os lados somos nós.
e os muros, limitado
cone de nervos, solidão de braços.
E o que em nós se guardou mal nos conhece.
Aqui se esteve e , isento, outro se volta.
Esperou-se acordado, como idêntico,
e a fração, cinco sextos do momento,
deixou tudo de fora.
Acaso é por espaços que se cortam
as raízes ao tempo
ou antes foi de manso e pelo peito
que cresceram com dedos de memória
para dentro?
Mal se pergunta,
mas em tudo, vão, talvez, que se recorda,
no corpo ardia a seiva
ou se ajustava
tempos nas veias
o espaço recolhido que em nós morre?
Morreu-se um pouco e sofre
a sílaba quebrada que se tece
de negativas
não, amor, quando, e era a vida
que, consentida, é um laço a mais, teu lábio e a terra.
E esse hiato truncado quem soletra?"
Bruno Tolentino - anulação & outros reparos
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