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quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Carta a Serge Diaghilev

"Ao Homem

Não posso nomeá-lo, pois não se pode nomeá-lo. Não o escrevo às pressas, pois não quero que suponha que eu estou nervoso. Eu não sou um homem nervoso. Gosto de escrever calmamente. Gosto de escrever. Não gosto de escrever frases bonitas. Não aprendi a escrever frases bonitas. Quero escrever o pensamento. Eu preciso do pensamento. Não tenho medo de você. Sei que me detesta. Eu o amo como a gente ama um ser humano. Não quero trabalhar com você. Quero lhe dizer uma coisa. Eu trabalho muito. Não estou morto. Eu vivo. Deus vive em mim. Eu vivo em Deus. Deus vive em mim. Eu trabalho muito a dança. Minha dança está progredindo. Eu escrevo bem, mas não sei escrever frases bonitas. Você gosta de frases bonitas. Eu não gosto de frases bonitas. Você forma trupes. Eu não formo trupes. Não sou um cadáver. Sou um homem vivo. Você é um homem morto, pois seus objetivos estão mortos. Não o chamei de amigo, pois sei que é meu inimigo. Eu não sou seu inimigo. O inimigo não é Deus. Deus não é um inimigo. Os inimigos buscam a morte, eu busco a vida. Eu tenho amor. Você tem maldade. Eu não sou uma besta feroz. Você é uma besta feroz. As bestas ferozes não amam as pessoas. Eu amo as pessoas. Dostoievski amava as pessoas. Eu não sou um idiota. Sou um homem. O Idiota de Dostoievski é um homem. Eu sou um idiota. Dostoievski é um idiota. Você achava que eu era tolo. Eu achava que você era tolo. Nós achávamos que nós éramos tolos. Não quero conjugar. Não gosto de conjugações. Você gosta que as pessoas se inclinem dian­te de você. Eu gosto que as pessoas se inclinem diante de mim. Você injuria os que se inclinam. Eu amo os que se inclinam. Eu atraio as inclinações. Você faz medo às inclinações. Sua inclinação não é uma inclinação. Minha inclinação é uma inclinação. Eu não aceito seu sorriso, porque ele tem cheiro de morte. Eu não sou a morte, e não sorrio. Não escrevo para escarnecer. Escrevo para chorar. Eu sou um homem com sentimento e razão. Você é um homem com inteligência, mas sem sentimen­to. Seu sentimento é mau. Meu sentimento é bom. Você quer me perder. Eu quero salvá-lo. Eu o amo. Você não me ama. Eu lhe quero bem. Você me quer mal. Conheço suas artimanhas. Eu fingia estar nervoso. Fingia ser tolo. Eu não era um moleque. Eu era Deus. Eu sou Deus em você. Você é uma besta, e eu sou amor. Você não ama aquelas pessoas agora. Eu amo aquelas pessoas e todos agora. Não pense, não escute. Eu não sou seu. Você não é meu. Eu o amo agora. Eu o amo sempre. Eu sou seu. Eu sou meu. Você é meu. Gosto de conjugá-lo. Gosto de me conjugar. Eu sou seu. Eu sou meu.

Quero lhe escrever muito, mas não quero traba­lhar com você, pois seus objetivos são outros. Sei que sabe fingir. Não gosto de fingimentos. Gosto de fingi­mentos, quando o homem quer o bem. Você é um homem mau. Você não é um czar. Já eu, eu sou um czar. Você não é o meu czar, e eu sou o seu czar. Você me quer mal. Eu não lhe quero mal. Você é mau, e eu sou uma canção de ninar. Nana, nana, nana, nana. Durma sossegado, nana, nana. Nana. Nana. Nana.

De homem para homem

Vaslav Nijinski"

cadernos de nijinski

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Mas poder-se-á estabelecer uma comparação tão cínica e grotesca?

Baixe o livro - Crime e Castigo - Fiodor M. Dostoiévski

"Não há dúvida", resmungou para consigo próprio, passado um minuto, com um certo sentimento de auto-humilhação, "não há dúvida de que já não há maneira de emendar nem de desfazer todos esses disparates... e, portanto, é preciso não pensar mais nisso. O que eu farei é apresentar-me ali sem dizer nada e... cumprir a minha obrigação... também sem murmurar, e... e não apresentar desculpas nem dizer uma palavra do assunto; e... e também não há dúvida de que já está tudo perdido."

Baixe o livro - Crime e Castigo - Fiodor M. Dostoiévski

Fonte: Biblioteca Novos Horizontes

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Os Irmãos Karamazov

“Sobretudo não minta ao senhor mesmo. Aquele que mente a si mesmo e escuta sua própria mentira vai ao ponto de não mais distinguir a verdade, nem em si, nem em torno de si; perde pois o respeito de si e dos outros. Não respeitando ninguém, deixa de amar; e para se ocupar, e para se distrair, na ausência de amor, entrega-se às paixões e aos gozos grosseiros; chega até a bestialidade em seus vícios, e tudo isso provém da mentira contínua a si mesmo e aos outros. Aquele que mente a si mesmo pode ser o primeiro a ofender-se. É por vezes bastante agradável ofender a si mesmo, não é verdade?”

Fiódor Dostoiévski - Os Irmãos Karamazov

Baixe o Livro: "Os Irmãos Karamazov" em português

Download: "The Brothers Karamazov" english version

Fonte: PDL