quinta-feira, 8 de novembro de 2007

...se tivéssemos uma verdadeira Antropolo­gia, uma verdadeira Psicologia, tais fatos seriam conhecidos de todos.

Baixe o livro : O Lobo Da Estepe - Hermann Hesse

"O "suicida" — e
Harry era um deles — não precisa necessariamente viver em relações particularmente intensas com a morte; isto se pode fazer sem que se seja um suicida. É pró­prio do suicida sentir seu eu, certo ou errado, como um ger­me da Natureza, particularmente perigoso, problemático e daninho, que se encontrava sempre extraordinariamente ex­posto ao perigo, como se estivesse sobre o pico agudíssimo de um penedo onde um pequeno toque exterior ou a mais leve vacilação interna seriam suficientes para arrojá-lo no abismo. Esta classe de homens se caracteriza na trajetória de seu desti­no porque para eles o suicídio é a forma de morte mais veros­símil, pelo menos segundo sua própria opinião. A existência dessa opinião, que quase sempre é perceptível já na primeira mocidade e acompanha esses homens durante toda sua vida, não representa, talvez, uma particular e débil força vital, mas, ao contrário, encontram-se entre os suicidas naturezas extraordinariamente tenazes, ambiciosas e até ousadas. Mas assim como há naturezas que caem em febre diante da mais ligeira indisposição, assim propendem essas naturezas a que chamamos "suicidas" e que sempre são muito delicadas e sensíveis à menor comoção, a entregar-se intensamente à idéia do suicídio. Se tivéssemos uma ciência que possuísse coragem e autoridade suficientes para ocupar-se do ho­mem, em vez de fazê-lo simplesmente no mecanismo dos fenômenos vitais, se tivéssemos uma verdadeira Antropolo­gia, uma verdadeira Psicologia, tais fatos seriam conhecidos de todos."


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Fonte: 4shared-paradisenow

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