"Uma vez assentado que segundo Aristóteles os tipos fundamentais do discurso são quatro, resta perguntar se ele tem razão; se na verdade não são três, ou cinco, ou noventa, e se no seu arranjo recíproco não conviria antes dispô-los numa ordem diversa e segundo uma outra grade de relações; resta averiguar, em fim, quais argumentos podemos convocar em defesa da concepção aristotélica que não foram propostos – e talvez nem se quer antevistos pelo próprio Aristóteles. Resta demonstrar a necessidade lógica da hipótese dos quatro discursos de preferência entrando no tema por um lado diferente daquele por onde o aborda o Estagirita, de modo a evidenciar que por outras vias se chega ao mesmo resultado. E se existe uma abordagem que, inventado por Aristóteles, quase nunca é praticada por ele, é justamente a via analítico-demostrativa. Raciocinarei, portanto, à maneira de Spinoza, por pura dedução, more geometrico, mostrando que por este caminho se chega aos mesmos resultados que a filologia sugere pela interpretação dos textos e a dialética sustenta pela exclusão das hipóteses contrárias."
Olavo de Carvalho - Aristóteles em nova perspectiva - Introdução à teoria dos Quatro Discursos
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