"É muito difícil para pessoas correntemente sensíveis à realidade manterem crenças ou convicções que sejam claramente inválidas. Pelo termo "inválido" não entendo aqui uma crença que é possivelmente errada, e sim uma crença que foi e continua a ser direta e inequivocamente desconfirmada por boas provas, como os eventos reais que se impõem às pessoas que sustentam a crença. O que se descreveu na última frase corresponde, é claro, a uma dissonância cognitiva. Quando uma prova clara e inequivocamente desconfirmatória se impõe a uma pessoa, a cognição correspondente a esse conhecimento é dissonante com a crença ou convicção que ela sustenta. Quando existe semelhante estado de coisas, o modo mais usual e comum de eliminar a dissonância é rejeitar essa crença, em vez de tentar negar a evidência dos próprios sentidos. Por exemplo, se uma pessoa crê ser impossível que objetos mais pesados que o ar voem, ela rejeitará indubitavelmente essa crença ao ver um avião cruzando os céus — ou, pelo menos, depois de voar num.
Mas há circunstâncias em que isso não acontece — isto é, mesmo em face de provas claramente desconfirmatórias, a crença não é rejeitada. Conta-se, por exemplo, haver jogadores que continuam a acreditar na validade de certos "sistemas" para ganhar na roleta, apesar de perdas contínuas usando esse tal sistema. Também se diz haver casos de cientistas que continuam a crer na validade de uma teoria, muito depois dela ter sido refutada por evidentes provas experimentais. Quais são, porém, as circunstâncias em que isso acontece — isto é, em que condições as tentativas de redução de dissonância se concentram em negar a evidência da realidade, em vez de rejeitar a crença? Como vimos no Capítulo 8, espera-se que isso aconteça nas seguintes circunstâncias: a crença é difícil de mudar e existe um suficiente número de pessoas com idêntica dissonância, pelo que o apoio social pode ser facilmente obtido."
Festinger, L. (1957). Theory of Cognitive Dissonance. Stanford: Stanford
University Press
Mas há circunstâncias em que isso não acontece — isto é, mesmo em face de provas claramente desconfirmatórias, a crença não é rejeitada. Conta-se, por exemplo, haver jogadores que continuam a acreditar na validade de certos "sistemas" para ganhar na roleta, apesar de perdas contínuas usando esse tal sistema. Também se diz haver casos de cientistas que continuam a crer na validade de uma teoria, muito depois dela ter sido refutada por evidentes provas experimentais. Quais são, porém, as circunstâncias em que isso acontece — isto é, em que condições as tentativas de redução de dissonância se concentram em negar a evidência da realidade, em vez de rejeitar a crença? Como vimos no Capítulo 8, espera-se que isso aconteça nas seguintes circunstâncias: a crença é difícil de mudar e existe um suficiente número de pessoas com idêntica dissonância, pelo que o apoio social pode ser facilmente obtido."
Festinger, L. (1957). Theory of Cognitive Dissonance. Stanford: Stanford
University Press
Nenhum comentário:
Postar um comentário