quinta-feira, 8 de maio de 2008

Alguma semelhança com o Partidão brasileiro?

"Por essa razão é mais conveniente divulgar a idéia, pelo menos durante certo tempo, dentro de um determinado núcleo, para daí selecionar o material humano em condições de dirigir o movimento. Mais de uma vez se evidenciará que, nessa seleção, não devemos julgar pelas aparências.

Seria, porém, inteiramente falso ver, em conhecimentos teóricos, provas de capacidade de direção.

O contrário acontece frequentemente.

Um grande teórico é raramente um grande organizador, pois o valor do teórico consiste, em primeiro lugar, na noção e definição de leis abstratamente exatas, enquanto o organizador deve ser em primeiro lugar um conhecedor da psicologia popular. Deve ver os homens como eles são na realidade. Não lhes deve dar demasiada importância nem depreciá-los no meio da massa. Ao contrário, deve ter em conta tanto a sua fraqueza como o seu aspecto instintivo, para, tomando em consideração todos os fatores, organizar uma força capaz de sustentar uma idéia e de garantir-lhe o sucesso!

Um grande teórico será raramente um líder. A um agitador é mais fácil possuir essas qualidades, apesar da oposição dos teóricos puros. Isso é perfeitamente compreensível. Um agitador capaz de comunicar uma idéia à grande massa, precisa conhecer a psicologia do povo, mesmo que ele não seja senão um demagogo. Mesmo nessa hipótese, ele será um líder mais apto do que o teórico desconhecedor da psicologia humana. Para ser chefe é preciso ter a capacidade para movimentar massas. A capacidade intelectual nada tem que ver com a capacidade de comando. Por isso, é completamente supérfluo discutir se há mais valor em criar idéias e finalidades do que em realizá-las. Aqui acontece o mesmo que em muitos outros casos: um não pode dispensar o outro. A mais bela doutrina não tem nem finalidade nem eficiência se o líder não consegue empolgar as massas. Por outro lado, de que utilidade seria a genialidade de um condutor de massas, se o teórico não indicasse as finalidades das lutas humanas? A existência, no mesmo indivíduo, do teórico, do organizador e do líder é o mais raro fenômeno deste mundo. Quando isso se dá trata-se de um gênio.

Dediquei-me, nos primeiros tempos da minha atividade partidária, à propaganda. Por essa propaganda dever-se-ia conseguir, pouco a pouco, um pequeno núcleo de indivíduos, convencidos da nova idéia, os quais formariam assim o material que, mais tarde, poderia fornecer os primeiros elementos de uma organização. Visávamos mais à propaganda do que a organização.

Quando um movimento tem como finalidade demolir uma situação existente para reconstruir, em seu lugar, um mundo novo, é preciso que os seus líderes estejam todos acordes sobre os seguintes princípios fundamentais: cada movimento deve dividir o stock humano conquistado para a causa em dois grandes grupos: adesistas e combatentes."

Adolf Hitler - Minha Luta

Manutenção de Crenças Inválidas

"É muito difícil para pessoas correntemente sensíveis à realidade manterem crenças ou convicções que sejam claramente inválidas. Pelo termo "inválido" não entendo aqui uma crença que é possivelmente errada, e sim uma crença que foi e continua a ser direta e inequivocamente desconfirmada por boas provas, como os eventos reais que se impõem às pessoas que sustentam a crença. O que se descreveu na última frase corresponde, é claro, a uma dissonância cognitiva. Quando uma prova clara e inequivocamente desconfirmatória se impõe a uma pessoa, a cognição correspondente a esse conhecimento é dissonante com a crença ou convicção que ela sustenta. Quando existe semelhante estado de coisas, o modo mais usual e comum de eliminar a dissonância é rejeitar essa crença, em vez de tentar negar a evidência dos próprios sentidos. Por exemplo, se uma pessoa crê ser impossível que objetos mais pesados que o ar voem, ela rejeitará indubitavelmente essa crença ao ver um avião cruzando os céus — ou, pelo menos, depois de voar num.

Mas há circunstâncias em que isso não acontece — isto é, mesmo em face de provas claramente desconfirmatórias, a crença não é rejeitada. Conta-se, por exemplo, haver jogadores que continuam a acreditar na validade de certos "sistemas" para ganhar na roleta, apesar de perdas contínuas usando esse tal sistema. Também se diz haver casos de cientistas que continuam a crer na validade de uma teoria, muito depois dela ter sido refutada por evidentes provas experimentais. Quais são, porém, as circunstâncias em que isso acontece — isto é, em que condições as tentativas de redução de dissonância se concentram em negar a evidência da realidade, em vez de rejeitar a crença? Como vimos no Capítulo 8, espera-se que isso aconteça nas seguintes circunstâncias: a crença é difícil de mudar e existe um suficiente número de pessoas com idêntica dissonância, pelo que o apoio social pode ser facilmente obtido."

Festinger, L. (1957). Theory of Cognitive Dissonance. Stanford: Stanford
University Press